terça-feira, 23 de junho de 2015

Mãe

Lembras-te de ontem me teres perguntado se eu tinha vergonha de ti? Eu respondi que não. Admito que não tenho vergonha mas também tenho. Tenho vergonha das figuras que tu fazes em frente às pessoas, da maneira como tu te vestes às vezes, tenho vergonha quando me perguntam se tu agora fumas, tenho vergonha de ti quando estou com os meus amigos. Mas também não tenho porque tu és minha mãe e eu gosto de ti.
Sabes magoa ouvir e ver certas coisas. E tu já me magoas-te muitas vezes assim e eu perdoei como faço sempre. Mas agora esquece não perdoo-o o que andas a fazer. Estou cansada de te perdoar e tu a seguir fazeres merda outra vez.
Já pensaste como é que eu me sinto quando tu fazes o que fazes nas festas onde estamos todos juntos? Nunca pensaste porque se tivesses pensado na próxima não fazias o mesmo. Eu sinto-me mal. Só me apetece sair dali e nunca mais te ver à frente até esquecer. Mas como sempre afasto-me de ti e finjo que não estou a ver.
É bom ver a tua filha magoada? É bem veres-me a sofrer? É bom ignorar-me? Porque é que me fazes isto? Eu sou tua filha. Devias de me dar amor e carinho. Devias de me proteger. Devias de estar sempre presente quando eu mais preciso. Devias de me puxar para cima quando estou mal e não me pores para baixo. Devias de me respeitar como eu te respeito. Porque é que não fazes nada disto? Por eu nunca ter estado nos planos. Por eu ter nascido quando não querias. Às vezes da-me a sensação que tu nunca me quiseste. É verdade? Se é porque é que quando soubeste que estas grávida não abortaste. Eu sou contra o aborto mas preferia ter morrido antes de saber o que era a vida do que estar agora aqui a sofrer.
Lembraste o que me disseste quando soubeste que eu fumava? Pois eu lembro-me muito bem. Tu naquela altura fizeste de tudo para eu deixar de fumar e eu deixei. Andei mais de dois meses sem tocar num cigarro. Mas sabes agora toco todos os dias num. Tu naquela altura fizeste de tudo para eu deixar, abriste-me os olhos para a minha saúde e agora quem fuma és tu. Tu que desde de sempre disseste que não gostavas de cigarros. Tu que quiseste mais que uma vez que o pai e o meu irmão deixasses de fumar. Sabes eu neste momento fumo e se algum dia me apanhares a fumar não me venhas pedir para deixar, está bem?
Neste momento apetece-me fugir de casa. Nunca mais por aqui os pés. Quero ir para longe daqui. Quero esquecer a minha vida e começar uma nova ao lado do meu namorado. Sim tenho namorado e não quero saber se gostas ou não dele, não és tu que tens de gostar sou eu. Sim amo-o muito e ele também me ama muito. Sabes já podias saber à muito tempo que eu namoro. Mas é impossível contar-te. Tu vais contar tudo a toda a gente e depois ias obrigar-me acabar com ele, como tive que fazer com o Hélder. Já me apeteceu tantas vezes dizer-te que o João é meu namorado e que sou bué feliz com ele. Eu acho que tu nem reparaste que desde que conheci o João que estou diferente. Que estou mais feliz, mais comunicativa. que sou mais eu. Tu não reparas em mim.
Cansei-me de fazer tudo por ti e tu não fazeres nada por mim. Tu dás a entender que não gostas de mim. Que não queres saber de mim para nada. Tu só vês os meninos perfeitos à frente. Mas eles de perfeitos não tem nada. Eles dão-te mais facadas nas costas que eu. Eles nunca estão lá quando tu precisas. Eles não te ajudam em nada. Sou sempre eu a fazer tudo. Sou sempre eu que estou ao teu lado quando tu estás doente e quando precisas. Mas tu no fim não me recompensas. É a eles que dás tudo. Para eles tens tudo o que eles quer mas para mim nunca tens nada. Eu às vezes só quero um bocadinho de tempo para me dares amor e carinho, mas nunca tens nem que seja 5 minutos. Eu já não me lembro quando foi a última vez que me deste amor. Já foi à tanto tempo.
Eu não quero estar nesta casa. Eu não gosto de estar aqui. Eu quero estar num sitio onde me dão valor, onde falam para mim mesmo que não digam nada de importante. Eu quero uma família onde se dão todos bem. Em que não me excluem de nada. Que não metam as culpas todas para mim. Eu quero ser feliz junto dessa família. Eu em 15 anos nunca foi feliz nesta casa. Eu só me lembro de encontrar a felicidade quando encontrei o meu melhor amigo.
Estou cansada de tu não quereres saber de mim. De eu não ser ninguém aqui. De as culpas serem sempre da Diana. De só teres tempo para os meninos perfeitos. Estou cansada de tudo.
Se amanhã acordares eu não tiver aqui não me venhas procurar. Eu não quero ser encontrada. Eu simplesmente foi atrás da minha felicidade. Foi viver a minha vida e evitar ficar doente nesta casa. Onde quer que eu vá eu vou estar bem. Vou estar melhor que nesta casa. Pode ser que um dia eu volte. E espero que quando eu voltar tu estejas diferente. Que tenhas sentido a minha falta e que queiras que eu fique. Que me dês valor. Que vejas que sou feliz longe desta casa. No inicio vou sentir falta. Mas passa rápido.
Gosto muito de ti.
Beijinhos Diana Sofia

1 comentário:

  1. Oh querida, apesar de ser a primeira vez que eu estou no teu blogue e de não te conhecer, fiquei com um aperto no coração e só queria estar ao teu lado. Sabes, eu odeio ver as pessoas tristes.
    Muitas vezes a minha mãe também faz certas coisas que me fazem ter uma raiva dela. Comigo por exemplo, ela dá toda a atenção ao meu irmão mais novo e esquece-se de mim. Isso (e muitas outras coisas) fazem-me sentir uma inútil, como se ela não me quisesse, tal como descreveste. Eu já me consegui habituar e já não quero saber dessas tretas. Só penso: "Quero ter 18 anos para sair de casa". Diana, tudo vai ficar bem. Porque antes do arco-íris tem de vir a chuva. Um dia tu e a tua mãe vão dar-se bem, talvez ela perceba que não está a ser correta contigo e mude. Não fumes, isso não resolve as coisas. É fácil falar, eu sei, mas tenta fazer por isso. Fica bem.
    Beijinhos,
    http://saturnsmermaid.blogspot.pt/

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